sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Londres, 17:00 horas.

Sem nenhum propósito, bato nas portas,
das intelecções tradutórias do pensar,
na hipótese cerebral do meu silêncio,
persuasivo refém do vão proselitismo.

Obsoleto provocador da não-expressão,
inibidor dos indolores caóticos versos,
está o teorema do racionalismo bruto,
extraído do conhecimento débil-relativo.

E o fascínio que exerce nossas ignorâncias,
na busca invisível da facínora estrutura,
que oprime a pueril e pré-natal postulação,
no tangível eixo inexato dos conceitos.

Ao fim, apenas o cadáver do exercício,
subjugado a severa servidão vocabular
e sentinela ausente dos sentidos.
Irei à biblioteca para tomar um chá.

André Bianc

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Catharina , eu não sei.

Prefigurada do nexo imperfeito
e alheia aos acidentes do insucesso,
está a intenção, ação intempestiva,
que compõe o corpo-alma do verso.

Mutilações dos sentidos figurados,
a sucessiva progressão da não-palavra,
fotografias opacas de muitos dialetos,
mudos da indisciplinada e vaga razão.

E entre a estética e estilo severo,
dos rudes exércitos dos pensadores,
está a poesia que apenas observa,
a limitação ilimitada dos homens.

André Bianc

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O amargo de querer nada

Que vão para o bendito inferno atemporal,
Os noivos falecidos de mundos desiguais,
que na hora imprópria, senão abstrair-se,
nas poeiras mórbidas de festas tantas.

Nada falo, calo-me em débeis pensamentos,
uma garrafada nas cabeças ocas e opacas,
ou uma facada nos egos de ocorrências banais,
até causar a libido nos extraterrestres.

Então, faltou-lhe o vomito da viagem?
Ou o aroma fresco das flores dos velórios?
Nada escrito na lapide, eles são analfabetos,
sendo assim, não morrerei, preciso de luz.

E sentindo as náuseas do mundo infame,
Não rimarei com enxame de marimbondos,
pois na vida não a rimas, só o instante.
Transbordei o meu copo de angústias.


André Bianc

O Ruído patético

Até aqui, um fiasco de viagem,
uma perda de tempo impar,
tudo de hoje, regurgitado amanhã
e o mau hálito do sol permanece.

Descolado do poema vaga pela rua anônima,
o grande intelectual, “O catador de Latas”,
roupas sujas, pulgas e baratas, é de grife!
num universo de autopromoções.

E trancados aqui, patéticos caçadores,
a busca de luz, com suas falidas falácias,
ah! O ego inflado de flatulências raras.
Pior, eu me incluo nisso. Sou nada.

André Bianc